Escravos e afrodescendentes: um olhar sobre os movimentos sociais a partir dos estudos de desenvolvimento e das Relações Internacionais

Resumo

Nos últimos anos, como resultado dos processos de globalização, novos atores transnacionais agrupados em movimentos sociais surgiram no cenário internacional. Este artigo sugere o papel desempenhado por atores não estatais a partir dos casos paradigmáticos de escravos e afrodescendentes na América Latina, no estudo das Relações Internacionais e do desenvolvimento. Convida pesquisadores a refletir sobre a presença de escravos e afrodescendentes na configuração dos estados latino-americanos. Da mesma forma, busca compreender a formação da identidade cultural do escravo a partir de seu cotidiano e seu papel na formação do sistema capitalista. É por isso que Césaire levanta a ideia de colonialismo e negritude para reivindicar a existência de uma identidade negra. Finalmente Schutz, Carretero atendem à subjetividade como dimensão que permite ao ser humano construir sua própria identidade. Metodologicamente, partimos desses dois pontos de vista, embora sejam diferentes, não são mutuamente exclusivos. Propõe-se um pensamento crítico contra a visão ortodoxa das Relações Internacionais para compreender historicamente o lugar dos escravos e afrodescendentes na América Latina. Os resultados apontam que os escravos e seus descendentes na América Latina constituem um dos grupos que faltam nas políticas internacionais dos Estados e nos estudos de desenvolvimento.